O nome do filme O Espaço Entre Nós -
com tradução literal do inglês, realmente faz jus a sua premissa: o universo, o
espaço sideral, separa dois jovens apaixonados. Gardner (Asa Butterfield) nasceu em Marte e
quer vir à Terra para, além de encontrar sua paixão platônica que conheceu pela
internet, descobrir mais sobre seu passado.
Na tentativa de misturar de ficção científica com um drama
teen à la John Green (de A Culpa é Das
Estrelas e Cidades de Papel),
o longa falha pois não consegue entregar nenhum dos dois com profundidade. A
forma como a trama se desenvolve é pouco crível até mesmo para um sci-fi: uma
missão para povoar Marte, iniciada em 2018, conta com uma astronauta grávida (a
Nasa, conhecida pelo seu cuidado e precisão, não fez um mísero teste de saúde
com a sua funcionária?). O chefe da missão, o engenheiro Nathaniel (Gary Oldman), decide que a criança
deverá nascer no espaço e ser mantida em segredo para não comprometer o
projeto.
Com a morte da mãe no parto, Gardner, o primeiro humano
marciano da história, é criado por cientistas, mas tem em Kendra (Carla Gugino), uma das chefes da
estação espacial, sua principal figura materna. Passados dezesseis anos, ele já
adolescente tem seus questionamentos, medos e quer ir além do que lhe é
imposto. Por isso, convence a todos que chegou a hora de enviá-lo à Terra.
Quando aterrissa por aqui, mais uma dose de incredulidade
na trama: o menino, recém-chegado ao novo planeta, foge facilmente das
instalações da Nasa, se adapta à nova gravidade e encontra tranquilamente - a
pé - a escola de Tulsa (Britt Robertson),
sua correspondente da internet.
Ela, que também é órfã e incompreendida, passa a vida em
várias casas de famílias diferentes, e encontra no marciano seu porto-seguro. A
garota decide então ajudá-lo a entender seu passado e encontrar seu pai,
partindo para um road movie cheio de aprendizados e lições de moral. É
engraçado que os dois conseguem roubar prontamente por volta de três carros
durante o filme e até um avião (!) pequeno, tudo para Gardner não ser
encontrado pelos cientistas da Nasa, incluindo Kendra e Nathaniel, e continuar
na sua missão.
Com esta narrativa embolada, o longa não convence ao
tentar explorar diversas nuances de um roteiro mal construído. O diretor Peter Chelsom, de Dança Comigo?, ao menos consegue entregar belas cenas ao
apresentar o planeta Terra para o garoto. Tudo aqui é vívido, como se
descobríssemos junto com ele a chuva, a estrada, o sol batendo no rosto...
As cenas no espaço e em Marte também são um ponto
positivo, seria muito fácil exagerar na tela verde e perder a mão. Mesmo com U$
30 milhões, um orçamento modesto para uma ficção científica, tudo forepresentado
de maneira adequada e a ambientação bem empregada, desde a fotografia, aos
cenários.
Com uma história que exige pouco de seus atores, a química
do casal principal é essencial para conquistar o público e Butterfield e Robbertson
transmitem carisma na tela. Por conta disso, o filme poderá convencer os
espectadores mais jovens ou quem está à procura de um filme “Sessão da Tarde”.
Porém, mesmo contando com Gary
Oldman no elenco, a falta de consistência na trama torna o
longa dispensável para quem gostaria de ver algo com mais profundidade.
Um filme para toda a família e é ficção e romance.



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